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Uma ilha, uma escola, a professora…

Posted by Thaize Torres Feijó on 30 de Julho de 2010 in Educação |

Durante muitos anos estudei em uma escola tradicional, na qual não me sentia à vontade para falar o que pensava e esclarecer algumas dúvidas que me acompanhavam e que não tinha a possibilidade de esclarecer em casa. Sentia um grande medo de errar, de não saber, achava as aulas de Língua Portuguesa cansativas e as de Matemática me metiam medo. Meus pais decidiram mudar de cidade e procurar uma nova escola me dava alegria, pois sabia que essa era uma oportunidade de mudança. Fomos morar em uma ilha. Nesta ilha havia uma escola e nesta escola uma professora que me mostrou novos horizontes. Estudei e antes de me formar em professora decidi trabalhar e me tornar educadora. Nesta escola tive a possibilidade de conhecer um novo jeito de aprender, de interagir, de enxergar a educação assim como me permitia presenciar a luz do Sol daquele lugar iluminado. Nesta escola aprendi a ser educadora e com uma única professora que se virava em várias aprendi a compartilhar aulas. Em 1990 ouvia falar em construtivismo, Piaget, em aulas compartilhadas, em construção de conhecimento. Preciso dizer que naquela época não sabia qual a importância dessas palavras, dessa forma de ver o ensino, mas sabia que era bom ficar a par do que ouvia. Essa ilha, que tem essa escola onde mora e ensina essa professora me mostrou o valor da educação. Lá, eu tinha a possibilidade de fazer uma boa leitura com os alunos nas areias daquela praia calma, tinha a oportunidade de fazer trabalhos de artes plásticas embaixo de árvores frondosas e de trabalhar ética e respeito mútuo na prática. Nessa humilde escola eu podia juntar as turmas e fazer atividades diversificadas com todas as crianças que se ajudavam mutuamente, com essa professora,  aprendi a olhar no olho do aluno, entender a importância do abraço e perceber que o professor precisa ler, estudar e querer se aprimorar sempre.Nessa ilha aprendi a respeitar o mar assim como o conhecimento que o aluno traz, nessa escola aprendi que adaptando os espaços e materiais posso enriquecer a minha prática e com essa professora aprendi que nunca é tarde para inovar, nunca é tarde para aprender, nunca é tarde para recomeçar…

Essa ilha é Mar grande. Essa escola é CEPAJE e a minha professora é Enecy.

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7º Congresso Internacional de Educação (parte 3 – final)

Posted by Thaize Torres Feijó on 30 de Julho de 2010 in Para pensar! |

No último dia de congresso, já não anotava nada. Ficava atenta às explicações e em vários momentos via minha prática como um filme. Me via nas falas dos palestrantes. Precisava ouvir muitas coisas do que falaram. Algumas para ratificar o que já sei e penso sobre educação e outras para me mostrar o melhor caminho a seguir. Ainda estava cheia de dúvidas e ávida para aprender mais, sempre mais. 

A primeira palestra do último dia foi com a professora Monica Gather Thurler – Suiça com o tema: a formação de professores frente às novas formas de organização do trabalho escolar.

De acordo com Monica, na escola entramos numa forma de ensino tradicional que veio do século XVII. Estruturas hierarquizadas com linhas de tomada de decisão de cima para baixo. Essa padronização é o que impede aos professores  de empregarem algo novo, pois somos herdeiros de uma estrutura curricular e escolar dentro das quais, as competências de cada aluno não são aproveitadas. Para Monica, para combater o fracasso escolar é necessário um investimento de muito tempo e de muita autonomia. A professora mostrou também que há três maneiras de perdaer tempo na escola e que os professores devem ser capazes de avaliar e mudar isso. A primeira maneira está relacionada ao fato dos alunos ouvirem em sala de aula o que já sabem, cabe ao professor trazer algo novo, mesmo que o assunto já seja conhecido é importante que o professor traga o que ainda não foi dito. A segunda maneira de perder tempo na escola está relacionada ao programa que quase sempre está acima dos alunos. Não há como aprender se os conceitos não fizerem parte do nível e faixa-etárea do aprendente e o terceiro motivo diz respeito aos alunos que são esquecidos na sala de aula, alunos que nunca são solicitados, não são levados a enfrentar os seus limites e não são colocados diante de situações de aprendizado que não fazem sentido para eles. Durante todo momento a professora falou sobre a importância de uma formação de professores voltada para a prática e construção do conhecimento. Professor não pode trabalhar sozinho. Precisa se basear em uma pesquisa voltada para a construção de uma prática coesa. Falou como pode ser orientado o trabalho desse professor e da função da pesquisa para o desenvolvimento da teoria baseada em fatos concretos.

A segunda palestra do dia foi com a professora Paula Vieira  – Portugal com a palestra: A utilização do portifólio como estratégia de avaliação.

Trabalhar com portifólio é uma prática basicamente voltada para professores de alfabetização. São esses os professores que usam esse instrumento de avaliação. A professora Paula elaborou uma apresentação com o objetivo de dismistificar essa ideia de que o portifólio é um instrumento das classes iniciais. Iniciou falando que o objetivo do portifólio é de ajudar ao aluno e criar competências, que é um instrumento da avaliação formativa, ou seja, avaliação que é feita no processo e não no final. Esse material é usadao para refletir certas facetas de uma pessoa. É uma coleção de itens, conforme o tempo passa, relacionado aos diferentes aspectos do crescimento e desenvolvimento de cada criança. O portifólio precisa reunir evidências do desenvolvimento do trabalho e precisa ter uma continuidade pedagógica. Com esse instrumento de avaliação o próprio aluno pode refletir sobre o seu percurso e se auto-avaliar.

A terceira palestra do dia foi com Phillippe Perrenoud, sociólogo e especialista em currículo e práticas pedagógicas. No início desse post falei que me vi em algumas falas. Durante todos os dias de congresso essa foi a palestra que mais me tocou. Cada palavra desse professor , cada observação em relação às práticas pedagógicas me mostravam um momento vivido por mim. Tenha certeza que não só as colocações positivas. Errei muito! Ainda erro, tenho consciência disso, mas sei que são erros em busca de acertos. Perrenoud  nos trouxe a palestra: Aprender a negociar a mudança em educação: novas estratégias de inovação.

Falou sobre as reformas escolares que fracassam, pois são mal preparadas ou aplicadas com muita rapidez, o  que provocam desestímulo aos professores. São orientações impostas que não permitem às pessoas que fazem parte da escola no dia a dia negociem esses ritmos de mudança. Esses atores precisam saber para quê mudar, para que dessa forma estabeleçam relações e compartilhem suas ideias. A  negociação com professores é a condição fundamental para que se tenha  a adesão no sentido de transformação das práticas.  Os professores só podem mudar se acreditarem na importância da mudança, se perceberem que essa mudança lhes diz respeito, se entenderem que essa mudança trará bons frutos para  a educação ou então não conseguirão assimilar o espírito dessa transformação.

A última palestra do dia foi com o professor e criador da Escola da Ponte, José Pacheco com a palestra: Solidão não rima com inclusão. Quem me conhece deve imaginar como fiquei durante a palestra. Quem me conhece sabe o quanto admiro a história dessa escola e consequentemente o seu criador. Quem já foi a alguma palestra do José Pacheco sabe como ele conduz esses encontros. Não vem com um texto pronto, definido, sabendo o que será dito. Quem o conhece sabe que vem com o coração aberto para “conversar” Isso mesmo! CONVERSAR! É a personalização da Escola da Ponte ! Já começa falando que o encontro só será promissor se os professores perguntarem. Motivados pelo professor Pacheco, iniciamos pedindo que falasse um pouco sobre a escola. Mostrou imagens da escola, falou sobre sua criação e de tudo o que enfrendou durante 34 anos de magistério para conseguir montar a escola do jeito que acreditava. Outra professora lhe perguntou como é feita a inclusão na escola e o professor Pacheco contou fatos ocorridos na escola que ilustram a inclusão de professores e alunos. Como acompanho o professor em palestras, conferências e cursos há algum tempo, já sabia muita coisa sobre o que foi dito, mas é sempre muito bom ouvi-lo.

Esses três dias de congresso foram cansativos, pois acordava muito cedo e só chegava em casa à noite. No entanto, foi também enriquecedor, acho até que mais enriquecedor que cansativo! Estávamos, mais de 600 professores, conversando, lendo, escrevendo e pensando nas melhores formas de mudança na educação. Estávamos imbuídos de esperança, como falou Eduardo Shinyashiky, perspicazes como elogiou Emilia Cipriano e otimistas como pediu José Pacheco. Fomos quentes como ressaltou Cortella e seremos transformadores como afirmou Perrenoud!

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7º Congresso Internacional de Educação (parte 2)

Posted by Thaize Torres Feijó on 29 de Julho de 2010 in Educação |

Sempre tive muita admiração pelo professor e filósofo Mário Sergio Cortela  – São Paulo, não só pelos livros que escreveu, mas por sua vida política e por ter trabalhado por 17 anos com Paulo Freire. Fez uma conferência tocante em relação à obra do professor. O tema da conferência foi: Qual a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética.

Iniciou a sua fala ressaltando que todo educador precisa ter coragem para continuar a sua obra. Mostrou, através de uma perfeita oratória, como o trabalho do professor precisa ser munido de coragem, esperança, audácia e sabedoria. Explicou que a coragem não é a ausência de medo, mas a capacidade de enfrentá-lo. Assim deve ser o professor, capaz de enfrentar o medo e continuar a sua obra. E só tem coragem para continuar a obra o professor que é quente. Professor não pode ser morno, ser morno é ser medíocre. O mesmo acontece com o professor velho. Professor velho está engessado, não tem sensibilidade para entender o novo, é pessimista e acima de tudo um desistente. Há professores velhos e mornos de 18, 20, 30… anos. Cortella ressaltou que não se pode confundir professor idoso com professor velho. A jovialidade está na alma, na busca constantante, no encantamento com o novo.

Tenho certeza que muitas pessoas saíram da conferência com algumas dúvidas a respeito da prática da sala de aula.

Antonio Nóvoa – Portugal, enriqueceu o nosso dia com a conferência: Professores competentes e a escola de qualidade.

Iniciou sua fala  com  um discurso voltado para a explicação relacionada à Escola Nova e às mudanças necessárias para transformar a educação. Definiu os quatro aspectos que fazem parte do patrimônio pedagógico do século XXI que nada mais é que a identidade dos professores. A relevância da introdução desses quatro temas surgiu da necessidade da escola em ter essas práticas concretizadas. Os quatro  aspectos que surgiram com a Escola Nova vieram para reforçar que o aluno é o mais importante no processo de ensino aprendizagem que a escola ativa, voltada para o movimento, fazia com que os alunos aprendessem mais, um outro item discutido foi em relação à autonomia dos alunos que precisavam resolver os problemas sozinhos, pois eram capazes para isso e o último aspecto destacado por Nóvoa foi em relação à educação integral do ponto de vista cognitivo, ético, emocional, psicológico, afetivo e social.

Nóvoa falou da importância de uma revolução na educação, aquele modelo de escola ativa não mais caberia na sociedade que se formava.  Com o passar do tempo, essa mesma sociedade pede que a  escola deixe, então, de ser ativa para se tornar reflexiva. O aluno deixa de ser o centro do processo e o conhecimento ocupa esse espaço, a autonomia dos alunos é trocada pelo diálogo diversificado, pois se faz importante instaurar as regras de diálogo e da diversidade na sala de aula. A educação integral, tão valorizada na Escola Nova, sociedade de 100 anos atrás, é substituída por um espaço público de educação. A escola continua tendo o lugar, mas não ocupa todos os lugares.

Nóvoa ainda falou que o professor tem a função de fazer com que a criança goste do que não gostava, o objetivo do professor, não é agradar a criança, mas fazer com que adquiram conhecimentos e habilidades que não tinham antes. É imprescindível que o professor preste atenção na criança que não quer aprender. Encerrou a conferência com um pensamento de Alain.

” O difícil é conduzir os homens a agradarem-se, no fim, com aquilo que no princípio não lhes agradava nada” (Alain)

Para encerrar o dia, Eduardo Shinyashiki  – São Paulo, falou sobre a arte de conviver e aprender e quais os caminhos do conhecimento.

Confesso que iniciei a palestra escrevendo tudo o que via no telão, escrevi que a Epigenética estuda como o meio interno e externo interferem no indivíduo e mostra a grande capacidade que temos de nos adaptar… mas logo percebi que estava perdendo o melhor da conferência, estava perdendo justamente a relação! É característica do Eduardo fazer encontros assim, cheios de movimentos. Falou sobre a importância de vivermos o agora, aprendermos com o outro, respeitarmos o outro, pois com a convivência aprendemos mais, com a troca nos reinventamos e vencemos barreiras. Alguns vídeos e histórias de vida fizeram parte desse gostoso encontro.

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7º Congresso Internacional de Educação (parte 1)

Posted by Thaize Torres Feijó on 21 de Julho de 2010 in Educação, Formação |

Oi pessoal! Estou aproveitando as férias de meio de ano para passear, acordar tarde sem peso na consciência, ler os livros que sempre quis, mas que não tinha tempo, ficar horas ao telefone conversando com amigos queridos que  moram longe e é claro, para estudar também.

Estou participando do 7º Congresso Internacional de Educação no Estado do Rio de Janeiro. É a quarta vez que participo e sempre saio das palestras e cursos muito satisfeita, cheia de ideias! Minha amiga, Flávia Lino foi uma ótima companhia, pois discutimos sobre os conteúdos apresentados e fizemos uma avaliação a respeito do que foi dito e do trabalho que realizamos. Será um congresso de três dias e tentarei retratar aqui alguns momentos e descobertas que considerar importantes. 

A primeira palestra foi com a Emília Cipriano de São Paulo, sobre “Formação do educador e sua influência no rendimento do aluno”. Read more…

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Vou fazer pedagogia como você!

Posted by Thaize Torres Feijó on 20 de Julho de 2010 in Educação |

Hoje, quando abri o meu Orkut pela manhã tive uma boa surpresa.

Uma ex aluna, fui professora dela na alfabetização, me escreveu a seguinte mensagem: “Oi pró Thaize, que saudade de você! Gostaria que soubesse que vou fazer faculdade de Pedagogia. Quero ser uma professora como você!”. Ao ler aquele recado, não consegui conter as lágrimas, chorei de emoção! Chorei mesmo! Pensei na minha trajetória em educação, pensei nos meus primeiros alunos, na insegurança que senti ao entrar em sala de aula pela primeira vez como professora e responsável por 18 crianças na educação infantil. Fiz uma viagem no tempo.

Meu pensamento foi longe, pensei nos erros que cometi por inexperiência, por insegurança e por querer demais de uma história que ainda estava começando. Eu, realmente, tinha muito o que aprender! E ainda estou aprendendo!

Hoje, mais madura, mais consciente em relação à educação do país e certa de minhas possibilidades, continuo aprendendo muito com meus alunos que diariamente me dão lições de vida e me ensinam como ajudá-los a aprender. Essa é, com certeza, a função do educador, aprender a cada dia com seus alunos e usar esse aprendizado para ajudá-los a transformar a educação. Sei que posso estar sendo repetitiva, muito romântica e que meu discurso é um tanto quanto ideológico, mas essa forma de pensar precisa fazer parte da minha vida. Vida de educadora! Acredito em uma educação para transformação, transformação de gente, de histórias de vida, transformação de uma nação…

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